Educação OnLIFE: a dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem - Reflexão
O documento intitulado "Educação OnLIFE: a dimensão ecológica das arquiteturas digitais de aprendizagem" apresenta uma análise provocativa e profunda sobre a necessidade crítica de reinventar as arquiteturas de aprendizagem, catalisada pela expansão sem precedentes da digitalização e interconexão em nosso mundo. Os autores defendem que os avanços nas tecnologias digitais estão remodelando não apenas as interações humanas comuns e a nossa relação com o meio ambiente, mas estão também redefinindo radicalmente os métodos pelos quais aprendemos e ensinamos, sugerindo a emergência de uma nova cultura relacional e ecológica dentro do espaço educacional.
No cerne do documento, destaca-se a ideia de uma "ecologia inteligente", um ecossistema onde uma diversidade de atores, humanos e não-humanos, operam em um sistema de interdependência robusta. Esta perspectiva representa uma quebra substancial com os modelos educacionais tradicionais, que tendem a isolar o processo de aprendizagem dentro de barreiras físicas ou virtuais e a concebê-lo como uma transmissão unidirecional de conhecimento do professor para o aluno. A proposta de uma arquitetura educacional "reticular e digital" espelha uma realidade em que a aprendizagem acontece de forma distribuída, infiltrando-se em todos os aspectos da vida, não se restringindo a momentos ou espaços estritamente designados para a educação.
O documento amplia, ainda, o entendimento do que constitui a infraestrutura educacional ao integrar temas de sustentabilidade e responsabilidade ecológica. Aqui, o foco não reside apenas em utilizar tecnologias para facilitar a educação, mas em compreender e projetar essas tecnologias de modo que elas promovam um equilíbrio ecológico abrangente. Isso inclui não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também a sustentabilidade cultural e social, incorporando e valorizando diversas formas de conhecimento e interação que ocorrem fora das estruturas convencionais de ensino.
Na minha interpretação, a abordagem ONLIFE desafia diretamente a noção arcaica de separação entre o "real" e o "virtual". Em um mundo definido pela omnipresença tecnológica, tais distinções estão se tornando obsoletas. As experiências de aprendizagem, portanto, devem refletir essa nova realidade, capitalizando a capacidade das tecnologias digitais para criar ambientes educacionais ricos, interativos e altamente responsivos, que se adaptam e respondem às necessidades e contextos dos alunos em tempo real.
Ademais, a ênfase em desenvolver ecologias de ensino onde os estudantes são considerados participantes ativos e não meros receptores passivos de informações é notavelmente relevante e de extrema importância. Este enfoque sugere um modelo educacional onde o ensino é um processo dinâmico de interação e adaptação contínua, não apenas entre alunos e professores, mas entre todos os elementos do ecossistema educacional, incluindo plataformas tecnológicas e os ambientes tanto físicos quanto digitais.
Incorporar esta visão em minha prática pedagógica e em meu portfólio demonstra um compromisso com uma educação que é, ao mesmo tempo, avançada em suas ferramentas e abordagens e profundamente enraizada no respeito pela interdependência de todos os aspectos da vida. Esta reflexão visa não apenas absorver a essência das mudanças propostas pelo documento, mas também afirmar meu empenho pessoal na participação ativa desta transformação educacional, caminhando para uma prática mais integrada, adaptativa e conscientemente sustentável neste novo ecossistema.
Fonte: DOSSIÊ - Cultura digital e educação • Educ. rev. 36 • 2020 •https://doi.org/10.1590/0104-4060.76120