Refletindo sobre os temas que abordei na “Sala de Aula Virtual 1: Avaliação Digital”, sinto que tocamos em questões cruciais que moldam a prática educativa atual. A minha abordagem, focada na avaliação formativa e sumativa, a importância do feedback na avaliação digital, a necessidade de uma maior inovação e flexibilidade no ensino, e a utilização de rubricas, é fruto de um olhar atento sobre os desafios e oportunidades que se apresentam na educação contemporânea. Acrescento também a importância do “poder do olhar” do professor como uma forma subtil e poderosa de feedback, e as minhas referências às atividades autênticas e sua avaliação, que considero essenciais para uma aprendizagem significativa.
Avaliação Formativa vs. Avaliação Sumativa
Ao longo do meu percurso na área da educação, sempre percebi a avaliação como um elemento fundamental para a aprendizagem, e é aqui que entra a distinção entre avaliação formativa e sumativa. A avaliação formativa é, sem dúvida, uma ferramenta vital que nos permite acompanhar o progresso dos alunos e fornecer-lhes um feedback contínuo. Este tipo de avaliação, ao ser integrado no processo de ensino, ajuda os alunos a perceberem os seus pontos fortes e áreas que necessitam de melhoria, promovendo assim uma aprendizagem ativa e contínua. Daí ter usado o termos "termometro", como analogia à monitorização do processo de aprendizagem.
Em contrapartida, a avaliação sumativa oferece uma visão mais global e conclusiva do desempenho dos alunos em momentos específicos. Esta forma de avaliação, frequentemente utilizada para atribuição de notas e certificação de competências, serve como uma medida do que os alunos conseguiram aprender ao longo de um período de ensino, à qual fiz a comparação a uma "balança", pois "pesa" a aprendizagem assimilada.
Na minha opinião, a integração harmoniosa, a sua complementariedade, entre avaliação formativa e sumativa é essencial. A avaliação formativa prepara os alunos para a avaliação sumativa, não só ajudando-os a desenvolver as competências necessárias, mas também a ganhar confiança no seu conhecimento e capacidades. Esta abordagem mista oferece uma visão mais completa e equilibrada do progresso educacional dos alunos.
A Importância do Feedback na Avaliação Digital
O feedback, especialmente no contexto digital, é um tema que considero de extrema relevância. A transição para a educação digital trouxe consigo um vasto universo de informações e a necessidade de adaptação a novas tecnologias. Neste cenário, o feedback assume um papel ainda mais crucial. É através dele que os alunos conseguem perceber o seu desempenho de forma clara e objetiva, sendo guiados de forma eficaz no seu processo de aprendizagem.
O feedup entra em ação como forma de reorientação dos alunos, ao relembrar quais os objetivos a atingir durante o processo de aprendizagem.
Defendo que o feedback deve ser positivo e construtivo, focando-se não apenas em apontar erros, mas em oferecer caminhos para a melhoria. O conceito de "feedforward" também é algo que considero fundamental, pois permite orientar os alunos para o futuro, mostrando-lhes como podem melhorar em atividades e desafios subsequentes. Este tipo de abordagem não só reforça o aprendizado, como também motiva os alunos a continuar a investir no seu desenvolvimento.
Todos este tipos de feedback se complementam entre si, como instrumentos potenciadores e orientadores da aprendizagem dos alunos.
Além disso, na era digital, o feedback não se limita apenas às palavras ou aos sistemas de avaliação formalizados. Acredito firmemente no “poder do olhar” do professor como uma forma de feedback. O olhar atento e encorajador de um professor pode transmitir segurança, aprovação ou necessidade de correção de uma maneira que as palavras, muitas vezes, não conseguem. Este tipo de feedback visual é especialmente valioso em ambientes presenciais, onde a interação direta é possível, mas não deve ser subestimado mesmo em contextos digitais onde videoconferências permitem um certo nível de conexão pessoal.
Desafios e Oportunidades na Avaliação Digital
A avaliação digital traz consigo uma série de desafios, como a garantia de equidade no acesso a tecnologias e a manutenção da integridade das avaliações. Contudo, as oportunidades são vastas e transformadoras. A avaliação digital permite uma personalização sem precedentes do ensino, utilizando ferramentas que engajam os alunos de formas inovadoras e possibilitando uma monitorização contínua do progresso dos estudantes.
Na minha visão, a chave está em utilizar essas ferramentas de forma a complementar, potenciar, as práticas de avaliação tradicionais, criando um ambiente de aprendizagem mais flexível e adaptável às necessidades individuais de cada aluno.
Inovação no Ensino e a Necessidade de Flexibilidade
A inovação no ensino é um tema pelo qual tenho grande interesse, especialmente no que diz respeito à integração de metodologias que tornem o ensino mais relevante e conectado com o mundo real. A adoção de práticas como o ensino dual e a Formação em Contexto de Trabalho (FCT) é crucial para preparar os alunos para o mercado de trabalho, proporcionando-lhes não apenas conhecimentos teóricos, mas também competências práticas que são fundamentais no contexto profissional.
Acredito que a inovação no ensino não deve ser vista apenas como a introdução de novas tecnologias ou métodos, mas sim como uma atitude de flexibilidade e adaptação às necessidades dos alunos. O ensino deve ser um espaço de experimentação e desenvolvimento, onde os alunos possam explorar diferentes caminhos e encontrar aquilo que realmente os motiva e interessa. É um caminho a percorrer no qual se descobre vocações !!!
Uso de Rubricas: Resistência e Reconhecimento do Potencial
Inicialmente, confesso que resisti ao uso de rubricas na avaliação. A minha hesitação prendia-se com a percepção de que as rubricas poderiam impor uma estrutura rígida que limitaria a minha capacidade de adaptar a avaliação às necessidades individuais dos alunos. Temia que essa rigidez pudesse comprometer a flexibilidade necessária para abordar as particularidades de cada estudante.
No entanto, ao longo da discussão com os colegas, comecei a reconhecer o potencial das rubricas como ferramentas de avaliação eficazes. As rubricas proporcionam critérios claros e objetivos para avaliar o desempenho dos alunos, o que facilita a transparência no processo de avaliação e ajuda os alunos a entender exatamente o que é esperado deles e como podem melhorar. Com isso, consegui perceber que as rubricas não são obstáculos à flexibilidade, mas sim estruturas que, quando bem utilizadas, podem enriquecer o processo avaliativo e promover uma aprendizagem mais focada e direcionada.
Atividades Autênticas e Sua Avaliação
Um ponto que considero crucial na prática educativa é a realização de atividades autênticas e a sua avaliação. Atividades autênticas são aquelas que simulam ou refletem situações reais do mundo profissional ou quotidiano, permitindo aos alunos aplicar conhecimentos e competências de forma prática e relevante. Defendo, piamente, que essas atividades são fundamentais para proporcionar uma aprendizagem significativa e contextualizada.
Avaliar atividades autênticas requer um olhar cuidadoso e criterioso, que valorize não apenas o resultado final, mas também o processo e as competências desenvolvidas ao longo do caminho. É aqui que vejo uma interseção importante com o uso de rubricas, pois elas oferecem um quadro claro para a avaliação de múltiplos aspetos das atividades, desde a compreensão teórica até à aplicação prática e ao desenvolvimento de competências transversais.
Conclusão
Refletindo sobre os temas abordados, considero que a educação está num momento decisivo, onde a integração de práticas de avaliação formativa e sumativa, o uso estratégico do feedback, a implementação de rubricas, a valorização das atividades autênticas e a inovação constante são elementos essenciais para o sucesso. Acredito firmemente que a educação deve ser um processo contínuo de descoberta e desenvolvimento, onde cada aluno tenha a oportunidade de alcançar o seu máximo potencial, a sua vocação. A minha abordagem tem sido sempre a de procurar novas formas de ensinar e avaliar, de modo a responder aos desafios de uma sociedade em constante evolução e de preparar os alunos não só para o presente, mas para o futuro.
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Bom dia a tod@s,
Segue-se um resumo muito sintético sobre o desafio lançado, onde os tipos de avaliação junto com estratégias de feedback "moldam" os nossos alunos !
Características da Avaliação Formativa e Sumativa e suas Intencionalidades Pedagógicas
Avaliação Formativa
A avaliação formativa é como um “termómetro” que usamos para medir o progresso dos alunos durante o processo de aprendizagem. Foca-se mais em orientar e ajustar, oferecendo feedback contínuo que ajuda os alunos a corrigirem o curso da aprendizagem, melhorando e aprimorando suas competências enquanto avançam. É como aquele amigo que está sempre ao lado, dizendo onde é possível melhorar, o que está a correr bem e onde estão as oportunidades de crescimento.
Avaliação Sumativa
Já a avaliação sumativa é a prova final, a “balança” que pesa o conhecimento acumulado ao longo do tempo. Aparece no final de uma unidade/tema para verificar o que os alunos aprenderam, classificando e medindo o desempenho global. É o momento em que os alunos mostram tudo o que conseguiram aprender e internalizar.
Relação Entre Avaliação Formativa e Sumativa
Ambos os tipos de avaliação são como peças de um quebra-cabeça educacional. A avaliação formativa prepara o terreno, ajudando a construir um conhecimento sólido que se reflete na avaliação sumativa. Juntas, formam um ciclo contínuo de aprendizagem e melhoria.
Tipos de Feedback e sua Importância na Avaliação Digital
Tipos de Feedback
Na era digital, o feedback pode ser imediato, automatizado, personalizado ou colaborativo, cada um com sua função especial. Pode surgir no ecrã num piscar de olhos, como uma resposta instantânea, ou ser uma análise detalhada e cuidadosa feita por um professor ou colegas. E ainda pode ser um trabalho em conjunto, onde todos contribuem para uma aprendizagem mais rica e profunda.
Importância do Feedback na Avaliação Digital
O feedback é uma força vital da aprendizagem digital. Ele guia, motiva e ilumina o caminho, ajudando os alunos a entender onde estão e para onde precisam ir. Na sala de aula digital, o feedback é a “faísca” que mantém a chama da aprendizagem viva, sempre pronta para iluminar o próximo passo.
Cumps,
Pedro Augusto
Boa tarde a tod@s,
Gostaria de trazer à discussão o tema sobre as atividades autênticas, como um aspeto importante a ter em conta em todo o processo de ensino, avaliação digital e os diversos tipos de feed.
Partilho um excerto de um post no meu blog:
"O ensino profissional é, por definição, orientado para a prática e para a preparação direta dos alunos para o mercado de trabalho. Nesse contexto, a avaliação autêntica, que visa conectar a aprendizagem com situações reais e relevantes, surge como uma ferramenta particularmente eficaz. Com base no documento "Avaliação digital autêntica: questões e desafios" de Isolina Oliveira e Alda Pereira, é possível explorar como os critérios de atividade autêntica são facilmente aplicáveis e já inerentes ao ensino profissional, além do potencial deste ensino para a implementação de um sistema híbrido de aprendizagem."
Convido todos a lerem, e darem o seu feedback. Na minha opinião, este tema vêm abrir a discussão sobre a pergunta: "o que falta no nosso sistema de ensino?" ... à qual respondo ... autenticidade.
A juntar ao tema do Feedback, que é de extrema importância, na minha opinião, também falta autenticidade no sistema de ensino regular. E eu digo isto como um professor cuja carreira foi quase totalmente no sistema profissional, e vejo "as coisas" noutro prisma.
Sabem que ouço muitos empresários a dizer que: "os alunos terminam o 12º Ano sem saberem nada" ... também devem ouvir o mesmo, ... porque será que dizem isso ? ... Julgo ser consequência da falta de autenticidade do nosso sistema de ensino, e é algo que devemos mudar.
Nem todos os alunos irão ser Dr ou Eng, então porque não também "sobressair" as vocações para as outras profissões? Estaremos tão "rígidos" assim para não potenciar as diferentes vocações?
Porque razão deve ser apenas o ensino profissional a descobrir tais vocações?
Sabem, aprendi que o paradigma ONLife tenta eliminar a distinção entre o offline e o online, entre o ambiente físico e o virtual ... não seria, também incluir, de abolir a distinção entre o formar para a universidade e o formar para o trabalho ... como era antes, nos anos 80/90 ??? Afinal nós somos o resultado "daquele" sistema e não saímos mal !!!
Cumps,
Pedro Augusto
Bom dia Alexandra,
De fato o feedback, na minha opinião, é crucial em qualquer forma de ensino, sendo mais necessário no ambiente digital, onde impera o "caos" de informação. Daí achar que o feedback é uma "ferramenta" que nós professores tamos que estar sempre a aperfeiçoar e a adaptar, em especial neste novo eco-sistema em mutação constante.
Cumps,
Pedro Augusto
Boas Liliana e colegas,
Nem mais, "como sei se estou a fazer bem?", ... até nós, aqui nesta pós-graduação, tivemos esta dúvida. Apenas com o feedback dos professores e das "notas" é que começamos a ter mais confiança nas nossas intervenções, ... claro que uns mais que outros, aí a experiência "nestas andanças" conta muito
Dito isto, em que pontos somos diferentes dos nossos alunos? ... Sim, maturidade, experiência de vida, etc... por isso, na minha opinião, qualquer tipo de "feed" é a componente mais "humana" a entrar em ação em todo o processo de ensino, desde "old-school" a "new-age", e é o que distingue um professor de vocação (estarão a criticar esta afirmação ???).
Muitas vezes devemos nos colocar na posição dos alunos, mesmo nos dias "menos bons", e pensar ... "uma palavra de incentivo agora calhava bem" ... ora aqui está algo que nenhuma IA faz !!!, Desculpem, FAZ sim, mas automatizada, e que eu saiba somos humanos e não robots.
Cumps,
Pedro Augusto
Boas colegas,
"água mole em pedra dura tanto bate até que fura" ... na maioria das situações é uma grande verdade, no contexto de incutir o espirito de aprendizagem nos alunos. O feedback, quando aplicado de forma personalizada, consegue fazer "milagres" ... eu já tive alunos que eram autênticos "mafiosos" e que ao perguntar "o que queres fazer da tua vida?" a resposta foi "Quero ser ladrão! ", com a maior convicção possível, ... ora alguns destes conseguiram sair daquele "poço" e são hoje em dia chefes de manutenção em fábricas. Ainda hoje de manhã, numa visita a um estágio, encontrei um antigo aluno meu que se enquadra neste quadro ... sabem o que ele me disse ? ... "Obrigado por insistir".
Confesso que é um orgulho imenso ouvir isto, ... e a importância do feedback reside aí, no fazer caso, no reconhecimento do valor (às vezes escondido) do aluno, no mostrar preocupação.
No entanto, infelizmente, são poucos os casos de sucesso do supracitado provérbio popular... julgo ser por haver uma falta de reconhecimento de vocações ... todos os pais querem que os filhos sejam doutores e engenheiros, no entanto, muitos irão dar mestres em carpintaria, em alvenaria, em torneamento, em ... a lista é longa, mas não têm os Dr ou os Eng à frente do nome. E assim se perde uma geração, na minha opinião.
Onde é implementado a avaliação autêntica? o potenciar das capacidades/vocação dos alunos ?
Boas Luis C.
"deve surgir de diversas formas pois terá diversas finalidades, numa sala de aula presencial ele pode ser conseguido com uma palavra ou olhar" ... SIM, muitas vezes basta um olhar !!!
Quando chegamos a este ponto ... o do olhar ... já estamos em "sintonia" com o aluno, é aquele ponto de "rebuçado" para o qual tanto trabalhamos !!!! Que só acontece no presencial, daí a importância de manter sempre a base sólida e a complementar com todo o potencial do digital.
Cumps,
Pedro Augusto