sexta-feira, 31 de maio de 2024

Análise UC4-T2 - MODELO PEDAGÓGICO PARA A DESCONSTRUÇÃO DE IMAGENS EM MOVIMENTO

Resumo UC4-T2 - MODELO PEDAGÓGICO PARA A DESCONSTRUÇÃO DE IMAGENS EM MOVIMENTO



A desconstrução de imagens em movimento no contexto educativo surge como uma abordagem inovadora e necessária diante da crescente influência das tecnologias audiovisuais na sociedade contemporânea. Este resumo busca explorar os fundamentos, a aplicação e os impactos dessa metodologia, com base nas obras de José António Moreira, que abordam a linguagem cinematográfica e audiovisual em ambientes educativos.

Fundamentos Teóricos

A base teórica da desconstrução de imagens em movimento está ancorada na Teoria da Flexibilidade Cognitiva, desenvolvida por Rand Spiro e colaboradores. Esta teoria propõe que a aprendizagem efetiva em domínios complexos requer a capacidade de transferir e aplicar conhecimentos em novas situações, o que é facilitado pela análise de casos sob múltiplas perspectivas (Spiro et al., 1987; Spiro & Jehng, 1990). Moreira (2021) complementa essa visão ao enfatizar a importância de uma pedagogia socioconstructivista e colaborativa, que promove a interação, a flexibilidade e a autonomia no processo educativo.

Componentes do Modelo Pedagógico

O modelo pedagógico para a desconstrução de imagens em movimento proposto por Moreira (2021) inclui três componentes principais:

  1. O Caso: Representado por uma obra audiovisual completa (um filme, por exemplo), que deve ser acessível aos alunos para uma compreensão inicial.
  2. As Perspectivas: Diferentes ângulos teóricos ou conceituais através dos quais o caso será analisado. Estas perspectivas são fornecidas pelo professor e servem como referência para a desconstrução.
  3. O Processo de Desconstrução: A análise detalhada do caso, dividindo-o em mini-casos ou unidades menores que são examinadas individualmente em relação às perspectivas teóricas apresentadas.
Este processo não só desenvolve a flexibilidade cognitiva dos alunos, como também estimula a prática de análise crítica e reflexiva, elementos essenciais para uma educação transformadora (Moreira, 2021).

Pilares da Desconstrução de Imagens em Movimento

A metodologia da desconstrução de imagens em movimento é sustentada por quatro pilares fundamentais:
  1. Contextualização: Compreensão do contexto histórico, cultural e social da produção audiovisual, o que proporciona um pano de fundo rico para a análise.
  2. Análise Técnica: Exame dos elementos técnicos do filme, como cinematografia, edição, som e efeitos visuais, que ajudam a decifrar a linguagem audiovisual.
  3. Interpretação: Exploração dos significados implícitos e explícitos, temas e mensagens transmitidas pela obra.
  4. Reflexão Crítica: Promoção de uma reflexão crítica sobre o impacto do filme no público e na sociedade, incentivando um pensamento analítico e profundo.

Aplicação Pedagógica

A aplicação prática deste modelo pedagógico envolve várias fases, conforme detalhado por Moreira (2021):

  1. Preparação e Planeamento: O professor seleciona o filme, prepara as atividades e os materiais de apoio, como roteiros de leitura e tabelas de observação.
  2. Visualização, Leitura e Análise: Os alunos assistem ao filme e utilizam os materiais de apoio para orientar sua análise. É recomendada a visualização múltipla para uma compreensão mais profunda.
  3. Desconstrução, Discussão e Reflexão: Em um ambiente virtual, os alunos discutem e refletem sobre as diferentes partes do filme, utilizando as perspectivas teóricas apresentadas.
  4. Conclusão e Verificação: Os alunos sintetizam o conhecimento adquirido e são avaliados. O professor pode sugerir leituras complementares e outros materiais audiovisuais relacionados.

Impactos na Educação

O impacto da desconstrução de imagens em movimento no autoconceito acadêmico dos alunos é significativo. Segundo Moreira (2017), esta metodologia aumenta a motivação, a orientação para tarefas, a confiança nas próprias capacidades e melhora as relações entre colegas. A utilização de filmes e outros recursos audiovisuais, quando bem integrados no currículo, pode transformar a experiência educativa, tornando-a mais envolvente e significativa.

Conclusão

A desconstrução de imagens em movimento é uma abordagem pedagógica poderosa que, ao integrar a linguagem audiovisual no processo educativo, promove uma aprendizagem mais rica e dinâmica. Baseada na Teoria da Flexibilidade Cognitiva e sustentada por princípios socioconstructivistas, esta metodologia não só desenvolve habilidades analíticas e críticas nos alunos, como também melhora seu autoconceito acadêmico. Como evidenciado pelos trabalhos de Moreira (2017, 2021), a incorporação de recursos audiovisuais na educação é essencial para preparar os alunos para os desafios da sociedade digital contemporânea.

Referências

  • Moreira, J. A. (2017). A Pedagogical Model to Deconstruct Moving Pictures in Virtual Learning Environments and its Impact on the Self-concept of Postgraduate Students. Journal of e-Learning and Knowledge Society, 13(1), 77-90.
  • Moreira, J. A. (2021). Linguagem cinematográfica e audiovisual em contexto educativo. São Carlos: SEaD-UFSCar.
  • Spiro, R., Coulson, R., Feltovich, P., & Anderson, D. (1988). Cognitive flexibility: Advanced knowledge acquisition in ill-structured domains. In: Annual Conference of Cognitive Science Society. Hillsdale: Erlbaum.
  • Spiro, R., & Jehng, J. (1990). Cognitive flexibility and hypertext: Theory and technology for the non-linear and multidimensional traversal of complex subject matter. In: Nix, D., & Spiro, R. (Eds.), Cognition, Education and Multimedia: Exploring Ideas in High Technology. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates.

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